PROJETO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO
PROJETO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO
Este experimento foi
realizando nas instalações do laboratório de química, sala 113 subsolo da
Uniamérica. Com o conhecimento teórico adquirido em sala e sob a
orientação da Professora Milena Giani, após as diretrizes em sala de aula, que
era desenvolver um relatório para uma empresa detalhando o processo que
ocorre durante o tratamento de dejetos, apos a finalização da parte teorica, a
professora nos orientou a fazer o teste que permite verificar se os dejetos
podem ser liberados na natureza.
1 INTRODUÇÃO
O tratamento de esgoto é
um dos principais elementos do saneamento básico para promoção e proteção à
saúde e bem-estar das comunidades humanas. Segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (2008), apenas 28,5% dos municípios brasileiros
efetuava tratamento de esgoto e do volume total de esgoto coletado, somente
68.8% era tratado. Desse modo, o projeto, implantação e atividade de Estações
de Tratamento de Esgoto (ETE’s) eficientes é de extrema importância para
garantir à população acesso a um meio ambiente equilibrado.
Este relatório técnico,
formatado conforme a norma ABNT NBR 10719:2011, refere-se à aula teórica de
Química Geral realizada no dia 08 de novembro de 2017, ministrada pela
Professora Milena Giani da faculdade Uniamérica da turma do 2° Período de
Engenharia Civil sobre o tema tratamento de esgoto.
Tem-se como objetivo
geral elaborar a fundamentação teórica do projeto de estação de tratamento de
esgoto (ETE), simulando atividade a ser entregue para supervisor de estágio de
uma empresa projetista de ETE’s. Para tanto, tem-se os seguintes objetivos
específicos:
Relatar os tratamentos
físicos envolvidos e respectivas etapas;
Relatar os tratamentos
químicos e/ou biológicos envolvidos e respectivas etapas;
Relatar as análises
químicas e bioquímicas envolvidas em cada etapa do tratamento.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Projeto de estação
de tratamento de esgoto (ETE)
Segundo a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (1990: 2), uma estação de tratamento de esgoto
sanitário é o:
Conjunto de unidades de
tratamento, equipamentos, órgãos auxiliares, acessórios e sistemas de
utilidades cuja finalidade é a redução das cargas poluidoras do esgoto
sanitário e condicionamento da matéria residual resultante do tratamento.
Os parâmetros para
elaboração do projeto hidrossanitário de estações de tratamento de esgoto
sanitário são regulamentados pela NBR 12209:1992 e define que este projeto deve
compreender, no mínimo, as seguintes atividades:
Fundamentação e teórica
do projeto (estudo de concepção);
Definição dos processo
para as fases líquida e sólida;
Dimensionamento das
unidades de tratamento, com seleção de parâmetros e fixação de respectivos
parâmetros;
Elaboração das plantas;
Elaboração de perfil
hidráulico preliminar;
Avaliação de custos;
Estudo comparativo
técnico-econômico das diversas opções;
Dimensionamento dos
órgãos auxiliares e sistemas de utilidades;
Seleção dos
equipamentos;
Projeto
arquitetônico-paisagístico de localização das unidades;
Elaboração do perfil
hidráulico em função do arranjo definitivo;
Relatório de projeto
hidrossanitário, justificando as eventuais divergências em relação ao estudo de
concepção (fundamentação teórica).
2.2 Tratamentos físicos
e/ou biológicos
Gradeamento: Esse
tratamento é usado, por exemplo, nas ETAs (Estações de Tratamento de água) onde
a água captada dos rios, lagos ou poços passa por grades colocadas em lugares
estratégicos para impedir a passagem de detritos (e também de peixes e plantas).
Decantação: Essa é uma
técnica física de separação de misturas formadas principalmente por sólidos em
líquidos. Ela consiste em deixar a mistura em repouso para que, em razão da
diferença de densidade e da ação da gravidade, os sólidos sedimentem-se, ou
seja, depositem-se no fundo do recipiente para serem então separados da parte
líquida, que fica em cima.
Flotação: É uma técnica
de separação físico-química que consiste em adicionar bolhas de ar em uma
suspensão coloidal. As partículas em suspensão aderem a essas bolhas e são
arrastadas para a superfície do líquido, formando uma espuma que pode, então,
ser removida da solução.
Separação de óleo:
Comumente são usados separadores de água-óleo (SAO), que são equipamentos que
empregam métodos físicos, como a densidade e a tendência que o óleo tem de
flutuar sobre a água. Isso é especialmente importante para efluentes vindos de
áreas de manutenção, lavagem de veículos e máquinas em oficinas mecânicas que
geralmente estão contaminados com óleos e graxas.
Outra técnica é a
eletrocoagulação (EC), que é realizada com a passagem de corrente elétrica pela
água, o que desestabiliza a solução e coagula os contaminantes, porque os
campos elétricos propiciam reações de oxirredução que levam a estados químicos
menos reativos, insolúveis e de maior estabilidade. Esses flocos insolúveis
formados podem então ser separados da água pelas outras técnicas mencionadas,
como a decantação e a flotação.
Equalização: A função da
bacia de equalização é dar robustez ao sistema ao absorver variações bruscas na
qualidade do efluente.
Neutralização: Usam-se
produtos químicos para neutralizar o pH do efluente.
Depois dessas etapas, o
efluente ainda não está seguro para ser lançado no meio ambiente.
Lagoas de estabilização:
São locais onde se realiza o tratamento dos efluentes por métodos químicos e
biológicos a fim de reter a matéria orgânica e gerar água de qualidade. Existem
vários tipos de lagoas de estabilização, como as lagoas aeradas que falaremos
no próximo item.
Outro exemplo são as
lagoas facultativas onde a demanda bioquímica de oxigênio (DBO) solúvel é
estabilizada por bactérias aeróbicas, cujo oxigênio requerido é fornecido por
algas que realizam fotossíntese. A DBO que vai para o fundo do tanque é
estabilizada ali por bactérias anaeróbias.
A estabilização dos
resíduos também pode ser feita por processos anaeróbicos, onde atuam
micro-organismos na ausência de ar ou oxigênio elementar. O tratamento pode ser
referido como fermentação mecânica. Essa estabilização também pode ser feita
através da adição de produtos químicos (estabilização química), tais como
cloreto férrico, cal, sulfato de alumínio e polímeros orgânicos.
Lagoas aeradas: São
bacias onde o efluente passa por uma aeração eletromecânica que fornece um suprimento
de oxigênio contínuo requerido para o metabolismo dos organismos decompositores
da matéria orgânica solúvel e finamente particulada.
Esses micro-organismos
consomem a matéria orgânica do efluente e convertem-na em gás carbônico, água e
material celular. A energia de aeração também possibilita a manutenção dos
sólidos em suspensão e evita a deposição dos flocos bacterianos.
Essa mistura é chamada
de “licor”, que é enviado às lagoas ou tanques de decantação onde ocorrem a
sedimentação e a estabilização do sólido, que é então chamado de lodo. O lodo
acumulado é recolhido e separado do efluente tratado.
Lodos ativados e suas
variantes: Esse lodo retorna para os tanques de aeração para que ocorra a
reativação da população de bactérias no tanque de aeração, aumentando assim a
eficiência do processo, pois mantém a concentração de micro-organismos dentro
de certa proporção em relação à carga orgânica afluente.
Além de remover a
matéria orgânica, o sistema de lodos ativados pode também ser usado para remover
nitrogênio e fósforo.
Filtros de percolação:
Esse filtro é um tanque que contém material de enchimento que forma um leito
fixo. Na superfície de cada um desses materiais de enchimento ocorre o
desenvolvimento de micro-organismos, que, por sua vez, agrupam-se na forma de
flocos ou grânulos nos interstícios do material. Assim, os compostos orgânicos
do efluente entram em contato com a biomassa e são convertidos por meio de uma
oxidação bioquímica aeróbica. Assim, na verdade, não são filtros, mas sim reatores
biológicos que mantêm retida, na forma de biofilmes (película mucilaginosa
povoada por bactérias), a massa microbiana.
RBCs (sistemas
rotativos): RBC é a sigla em inglês para “Contactores Biológicos Rotativos”,
mais conhecidos como biodiscos. Trata-se de sistemas com placas ou discos de
plástico (polipropileno) conjugados que giram. Quando o processo começa, os
micro-organismos do efluente aderem-se a esse material plástico.
Reatores anaeróbicos:
Resumidamente, o reator potencializa a degradação da matéria orgânica. A
biomassa pode até mesmo ser convertida em biogás.
2.3 Tratamentos químicos
Tecnologias de
transferência de fase: o poluente é simplesmente passado para outro estado de
agregação, isto é, passa da fase aquosa para outra fase, que pode ser veiculada
para a atmosfera ou ser transformada em resíduo sólido. Esse último ocorre, por
exemplo, com o método de adsorção por carvão ativado que será explicado mais
adiante.
Tecnologias destrutivas:
o poluente realmente é transformado, ou seja, deixa de existir como tal. Isso é
conseguido pela oxidação da matéria orgânica que leva a espécies químicas cada
vez mais oxidadas até que ocorra a sua completa mineralização.
Microfiltração: é um
processo de separação com o uso de membranas com poros na escala de micrômetros
(1 µm = 10-6 m) em que a força que promove a separação da parte líquida dos
sólidos poluentes é a pressão através da membrana e os seus poros.
Precipitação e
coagulação: São adicionadas à água substâncias químicas coagulantes que formam
flocos quando se juntam à matéria em suspensão. Por exemplo, a adição de cal em
esgotos que contêm ferro produz flocos que descem para o fundo do recipiente.
Adsorção (carvão
ativado): Os poluentes ficam adsorvidos na superfície do carvão: são
transferidos. A adsorção pode ocorrer de duas maneiras: química ou física. A
adsorção química ou quimissorção ocorre por meio de ligações químicas,
principalmente covalentes. Já a adsorção física ou fisissorção ocorre por meio
de interações intermoleculares do tipo Van der Waals, como a força de dipolo
induzido e a de dipolo permanente.
Troca iônica: utiliza
certos polímeros com sítios que podem reter íons. Desse modo, os íons poluentes
que estão na água, que ficam retidos na resina polimérica, podem ser trocados
por outros íons de mesma carga. Por exemplo, se essa resina de troca iônica é
catiônica, ela pode ter os íons H+, que são trocados por cátions de sais ou até
mesmo de metais pesados que estão no efluente. Se a resina de troca iônica é
aniônica, ela pode ter os íons OH- que são trocados por ânions presentes no
efluente. Assim, os íons H+e OH- que estão na água que sai da resina reagem
para formar mais água.
Osmose reversa: Por meio
da aplicação de uma pressão, a água pura vinda do efluente passa de modo
forçado por uma membrana semipermeável de material orgânico polimérico que os
íons não podem atravessar. Esse método é usado para dessalinizar a água, por
exemplo.
2.4 Controle Analítico
Durante o processo de
tratamento é necessário acompanhar a eficiência deste através de análises
físico-químicas e biológicas, monitorando os principais parâmetros relativos à
potabilidade da água. A partir dos resultados das análise, são implantadas ou
não medidas preventivas e/ou corretivas (SERVIÇO AUTÔNOMO MUNICIPAL DE ÁGUA
E ESGOTO, :8).
2.4.1 Análises químicas
Dentre os parâmetros
empregados na análise química do tratamento de esgoto, destacam-se os
seguintes:
PH: a medida do pH
indica a acidez ou basicidade de uma solução.
Alcalinidade: a
alcalinidade é definida como a capacidade da água em neutralizar ácidos.
Dureza: a dureza
normalmente é devida à presença dos cátions Ca+2, Mg+2, sob a forma de
bicarbonatos e carbonatos.
Cloretos: a determinação
dos cloretos se dá por titulação da amostra com nitrato de prata.
Ferro e Manganês: a
determinação desse metais se dá por colorimétrica ou por espectrofotometria de
absorção atômica.
Alumínio: a análise do
alumínio na água tratada tem como objetivos o controle da eficiência do
tratamento e o monitoramento dos níveis deste metal na água, pois o
alumínio, em concentrações acima do limite estabelecido (0,2 mg/l), pode
causar danos à saúde (neurotóxico).
Fluoretos: a análise de
flúor pode ser realizada através dos métodos colorimétrico e
potenciométrico.
Cloro residual: na
maioria das estações de tratamento de água existentes no Brasil, o cloro é
adicionado à água filtrada com o objetivo de eliminar microorganismos
patogênicos.
Parâmetro fundamental para
análise do processo de tratamento de efluentes é a Demanda Química de Oxigênio
(DQO), referente à “quantidade de oxigênio consumido por materiais e por
substâncias orgânicas e minerais, que se oxidam sob condições definidas”
(ZUCCARI; GRANER; LEOPOLDO, 2005: 70).
Um dos principais
métodos para teste de DQO, empregado pela , baseia-se no princípio de que
basicamente todos os compostos orgânicos podem ser oxidados pela ação de
agentes oxidantes fortes em meio ácido. O agende oxidante mais utilizado é o
dicromato de potássio, K2Cr2O7, sendo usados em excesso, por isso deve-se
medir a quantidade remanescente no final da reação, de modo a se calcular a
quantidade realmente usada na oxidação da matéria orgânica.
Segundo a Norma Técnica
Interna da SABESP (1997: 2):
Para o dicromato de
potássio oxidar completamente a matéria orgânica, a solução deve ser
fortemente ácida e ter elevada temperatura. Como resultante, são liberados
materiais voláteis, originalmente presentes e também aqueles formados durante
o período de digestão. De modo a evitar a perda destes materiais, normalmente
são utilizados condensadores de refluxo. Para catalisar a reação de
oxidação utiliza-se a prata, adicionando-se a mesma na forma de sulfato de
prata ao ácido sulfúrico, previamente dissolvido.
REFERÊNCIAS
ABNT Disponível em:
<http://licenciadorambiental.com.br/wp-content/uploads/2015/01/NBR-12.209-Projeto-de-Estações-de-Tratamento-de-Esgoto-Sanitários.pdf>
Acesso em: 08 Nov. 2017.
ATKINS, P. W.; JONES, L.
Princípios de química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. 5. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2011. p. 591 a 594.
INSTITUTO BRASILEIRO DE
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico. Gestão
Municipal do Saneamento Básico. Brasília, 2008. Disponível em:
<https://ww2.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/0000000105.pdf>
Acesso em: 08 Nov. 2017.
Disponível em:
<http://nucase.desa.ufmg.br/wp-content/uploads/2013/07/ES-PTE.1.pdf>
Acesso em: 08 Nov. 2017.
FOGAÇA, J. R. V.Tipos de
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<http://brasilescola.uol.com.br/quimica/tipos-tratamento-efluentes.htm>.
Acesso em 10 de novembro de 2017.
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V.Tratamentos terciários de efluentes, Brasil Escola. Disponível em
<http://brasilescola.uol.com.br/quimica/tratamentos-terciarios-efluentes.htm>.
Acesso em 10 de novembro de 2017.
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Tratamentos secundários de efluentes, Brasil Escola. Disponível em
<http://brasilescola.uol.com.br/quimica/tratamentos-secundarios-efluentes.htm>.
Acesso em 10 de novembro de 2017.
SABESP Norma Técnica
Interna da SABESP Disponível em:
<http://www2.sabesp.com.br/normas/nts/nts004.pdf>
Disponível em:
<http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/3280/material/wwwfcaunespbr.pdf>
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